quarta-feira, 8 de junho de 2011

AINDA SOBRE A QUEDA DA BOLSA NO PERU


                                              MENSAGEM MAFIOSA
Atilio A. Boro (Publicado em Rebelion.org )
Tradução e adaptação: Valdir Izidoro Silveira
                                         
De acordo com Kurt Burnet, economista  da equipe técnica que assessora Ollanta Humala, não há nenhuma justificativa macroeconômica para explicar a forte queda experimentada pela Bolsa de Mercado de Lima ,na segunda-feira. Em relação a esta questão também se manifestou a agência de riscos  Moody's, garantindo que não há razões para autorizá-los a mudar suas previsões sobre o desempenho futuro da economia peruana, ou reduzir o nível de investimento no Peru, que foi confirmada por outra agência de riscos, a Fitch Rating e por bancos internacionais de  investimento  que operam no país. Burnet afirmou, ainda, que a segurança dos depósitos bancários não serão alterados e que as grandes linhas da política econômica permanecerá em vigor. Ele também disse que as empresas de capital aberto mostram altos níveis de rentabilidade ", os lucros das empresas sobre suas vendas estão acima de 24%, e no caso de empresas de mineração, a proporção é de 60% . Constata-se a fenomenal  rentabilidade empresarial, que contrasta com a não menos fenomenal  dívida social em relação  ao bem-sucedido "modelo" no Peru! Sim, segundo se diz, os fundamentos são sólidos e se descarta quaisquer alterações. Qual   é a explicação para a queda da Bolsa?

A resposta é bem  simples: porque diante do novo quadro político aberto pela   eleição de Humala  os especuladores, que se reúnem em todos os mercados mundiais (e o de Lima não é uma exceção) decidiram enviar uma mensagem  mafiosa para o  presidente eleito, fazendo  uma pequena demonstração da sua força e poderio financeiro.
Em suma, uma espécie de "golpe do mercado"  preventivo, uma advertência e um lembrete do que poderá acontecer caso Humala se decida a abandonar o caminho traçado por seus antecessores. O capital não descansa e taxa todos os dias, e seus estratagemas podem atar as mãos de quaisquer governos. Humala disse que respeitaria a economia de mercado, ao mesmo tempo disse que quer acabar com a pobreza e a exclusão social. Mas a manutenção da economia de mercado, tal como existe hoje no Peru, é certo que a pobreza e a exclusão social cresça num  ritmo inconcebível assim como acontece com as taxas de lucros das empresas. Vai ter que escolher, entre a queda de braços com o mercado e sua principal arma principal, talvez a única, que será a sua capacidade de promover a organização e conscientização das massas. Passadas 24 horas das eleições, o mercado lançou o desafio à Humala e já se comporta como seu inimigo. Teremos que ver como ele reage diante daqueles que tem  inveterada afeição  pelas práticas extorsivas e seus apelos à defesa  dos interesses do capital.

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