terça-feira, 23 de agosto de 2011

MANIFESTAÇÕES QUE A NOSSA MÍDIA NÃO PUBLICA


Quem salva a Líbia dos seus "salvadores ocidentais"?
por Jean Bricmont, Diana Johnstone [Resistir.info]

Em Março, uma coligação de potências ocidentais e da autocracia árabes uniram-se para promover o que era apresentado como uma espécie de pequena operação militar para "proteger os civis líbios".

A 17 de Março, o Conselho de Segurança da ONU adotou a resolução 1973 que dava a esta "coligação de voluntários" um tanto particular o sinal verde para começar a sua pequena grega, controlando primeiro o espaço aéreo líbio, o que permitiu a seguir bombardear o que a OTAN quis bombardear. Os dirigentes da coligação esperavam manifestamente que os cidadãos líbios reconhecidos aproveitariam a ocasião fornecida por esta "proteção" vigorosa para derrubar Muamar Kadafi o qual, pretendia-se, queria "matar o seu próprio povo". Baseando-se na idéia de que a Líbia estava dividida de modo claro entre "o povo" de um lado e "o mau ditador" do outro, esperava-se que este derrube ocorresse em alguns dias. Ao olhos ocidentais, Kadafi era um ditador pior que Ben Ali na Tunísia ou Mubarak no Egipto, que caíram sem intervenção da Otan. Kadafi deveria portanto cair muito mais rapidamente.

Cinco meses mais tarde, tornou-se evidente que todas as suposições nas quais se fundamentava esta guerra eram mais ou menos falsas. As organizações de defesa dos direitos do homem não conseguiram encontrar provas dos ditos "crimes contra a humanidade" cometidos por Kadafi contra "o seu próprio povo". O reconhecimento do

Conselho Nacional de Transição (CNT) como "único representante legítimo do povo líbio" por parte dos governos ocidentais, que era no mínimo prematuro, tornou-se grotesco. A OTAN empenhou-se numa guerra civil, exacerbando-a, e sem fazê-la sair do impasse.

Mas por mais absurda e destituída de justificação que esta guerra possa ser, ela continua. E quem é que pode travá-la? .

Até o presente, para os agressores da OTAN o custo da guerra contra a Líbia é puramente financeiro e isso é compensado pela esperança de um pilhagem do país, quando ele for "libertado" e de que ele pagará para reembolsar aqueles que o bombardearam. Não é senão o povo líbio que perde vidas, bem como a sua infra-estrutura.

Acumulam-se os testemunhos das mortes de civis líbios, inclusive crianças, provocadas pelos bombardeamentos da OTAN.Estes bombardeamentos visam a infra-estrutura civil, a fim de privar a maioria da população que vive na parte do país leal a Kadafi dos bens de primeira necessidade, da alimentação e da água, a fim de pressionar o povo a derrubar Kadafi. A guerra para "proteger os civis" já se tornou uma guerra para aterrorizá-los e atormentá-los de modo a que o CNT apoiado pela OTAN possa tomar o poder.

Esta pequena guerra na Líbia mostra que a OTAN é ao mesmo tempo criminosa e incompetente.



Apesar dos esforços de alguns indivíduos isolados, nenhum movimento popular na Europa é capaz de travar ou mesmo enfraquecer o ataque da OTAN. A única esperança poderia ser um colapso dos rebeldes, ou uma oposição nos Estados Unidos, ou uma decisão da parte das oligarquias dominantes de limitar as despesas. Enquanto isso, a esquerda européia perdeu uma ocasião de renascer opondo-se a uma das guerra manifestamente mais injustificáveis da história. A Europa inteira sofrerá com esta derrota moral.

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