segunda-feira, 18 de junho de 2012

FRANÇA SOCIALISTA?


Em França pouco vai mudar

Os Editores
18.Jun.12 :: Editores

A conquista da maioria absoluta pelo PS nas eleições legislativas francesas provocou a euforia dos partidos socialistas europeus que se apressaram a felicitar François Hollande.
Os media internacionais apresentam o resultado como vitória da esquerda. Mentem conscientemente. A social-democracia europeia renunciou há muito a qualquer projecto socialista. Quando no governo, os partidos que se intitulam socialistas executam uma política que difere pouco da realizada pela direita tradicional. Na prática assumem-se como melhores administradores do capitalismo.
Na campanha eleitoral, Hollande insistiu muito na urgência de mudanças. Mas aqueles que esperavam firmeza no diálogo com a chanceler Merkel ficaram decepcionados. E no seu encontro com o presidente Obama foram mais as convergências do que as divergências. Manteve o compromisso de retirar as tropas francesas do Afeganistão antes do final de 2012, mas relativamente à questão da Grécia a posição é a mesma de Sarkozy. Quanto à Síria, para ultrapassar a situação ali criada não exclui a hipótese de uma intervenção armada patrocinada pelo Conselho de Segurança da ONU, o que motivou críticas da Rússia e da China que se opõem a uma repetição da tragédia líbia. No tocante à Palestina, a política de cumplicidade com o estado sionista de Israel mantém-se.
No plano interno reduziu, como prometera, a idade da reforma, tomou algumas medidas cosméticas, mas o compromisso de renunciar à política de austeridade e adoptar uma estratégia orientada para o crescimento económico e a luta contra o desemprego não ultrapassou ate agora as fronteiras do discurso retórico.
Que vai mudar, então, em França?
Aparentemente, muito pouco.
A entrada no Parlamento de três deputados do Front National neofascista de Marine le Pen – aliás derrotada nas eleições – é um acontecimento negativo, mas que terá influência mínima no rumo político da França.
O partido da velha direita, a UMP (hoje um saco de gatos), sofreu uma severa derrota. Mas o Partido Socialista - que adoptou e executou um programa neoliberal durante o governo Jospin, promovendo privatizações em massa, continuará, muito provavelmente a praticar uma política de direita. Uma estreita cooperação com a Alemanha será mantida, não obstante arrufos irrelevantes com a senhora Merkel. O alinhamento com o imperialismo estadounidense permanecerá também no fundamental.
Uma única certeza: a situação económica e financeira da França tende a agravar-se num contexto europeu caótico, favorável à intensificação da luta dos trabalhadores.
Os Editores de odiario.info

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