quinta-feira, 15 de novembro de 2012

UM TESTEMUNHO SOBRE A VENEZUELA



VENEZUELA: UM POVO E SEU CORAÇÃO
Supriyo Chatterjee
Rebelion

Hoje falar  Venezuela é  convidar para  comentários sobre Hugo Chávez. O comandante, como seus seguidores o chamam, tem uma reputação que os atrae: é o líder um país perpetuo de um páis inundado de  petróleo, é o rei do culto da personalidade; Caracas, a capital, é também a capital mundial da insegurança; quer transformar a Venezuela em um país socialista e eliminar a propriedade privada é amigo dos presidentes que os EUA  desaprova. O governo dos EUA  faz de tudo para se livrar dele, mas o comandante exerce o direito de resposta ... uma vez, em um programa de televisão diretamente , chamou George W. Bush de "burro".

anos atrás que acompanho  o que está acontecendo na Venezuela e minha idéia deste país da América do Sul está longe do vox populi  mundial . As eleições presidenciais outubro deste ano deu-me a oportunidade de colocar a prova minhas impressões  pessoais. Meu vôo para Caracas estava cheio da oposição venezuelana, que foi para a Venezuela votar. Um jovem casal me contou sobre sua recusa em votar no consulado de Londres, porque "o  pessoal aí é chavista". Em seguida, outras pessoas disseram o  mesmo. Curiosamente, tratando-se  de uma suposta ditadura, os adversários  venezuelanos se expressam livremente diante de estranhos, seja em suas casas ou nas ruas. Taxistas e guias turísticos que se opõem a Chávez desligarm o rádio, quando  ouvem  a sua voz. .

Na casa de uma Senhora onde aluguei um quarto   observei que  filha mudou o canal de TV quando  Chávez apareceu na  tela. A mãe simpatiza com Chávez, mas prefiriu não dizer nada. A maioria dos principais jornais, as estações de televisão mais populares e praticamente todas   estações de rádio  estavam   contra Chavez. Os donos das empresas de comunicação – a mídia-  refletiam  o seu partidarismo e sua aduladora cobertura da campanha de Henrique Capriles, o jovem rival Chávez  Me sentia, cada vez , com mais difículdade  de entender como eles  encaixavam  as palavras "ditadura" e "restrições à liberdade de expressão" nesse contexto. Os detratores de Chávez pareciam  obcecados , especialmente ao conversar com estrangeiros. Tudo de bom na Venezuela sempre esteve lá, mas tudo que estava errado era  culpa de Chávez.

 Me diziam   que seus seguidores o haviam  abandonado e perderia  as eleições ... exatamente, a mesma coisa  que ouvia dos meios de comunicação privados. Afinal, Chávez venceu,  por larga margem, as  eleições e a oposição as reconheceu como um processo  livre e justo. Se ganhou, certamente teve apoio. Não foi difícil encontrar seguidores Chávez: multidão formada na pequena cidade de Mérida, onde passei a maior parte da  minha estadia, estavam entre os pescadores e das ilhas turísticas e eram ainda mais em Caracas, com suas chamativas  ​​camisetas e bonés vermelhos onde se  lêem as inscrições: " Chávez Coração do Povo “. Amor por seu comandante se sentia pessoal, algo intimoentre as pessoas e o presidente, sem intermediários, sem esperar nada em troca. Nunca algo parecido e se não tivesse estado  na Venezuela não poderia dar fé da  sua autenticidade. Não se trata de culto a personalidade imposta de cima, mas um novo tipo de religião latinoamericana que emerge de  baixo, entre os pobres. Para eles, Chávez é o Messias.

Esse  amor não é gratuíto. Desde que chegou ao poder há 13 anos, Chávez tem melhorado, consideravelmente,  a qualidade de vida dos pobres, setor que constitui a  maior parte da população. Vi centros de saúde em todas as cidades e aldeias que  visitei,  grandes ou pequenas, dotadas em sua maioria de talentosos médicos cubanos prestando  cuidados e medicamentos básicos, sem nenhum custo; mesmo nas comunidades andinas mais  remotas tinha novas áreas de lazer para os pequenos, as escolas  estaduais são limpas e grandes, e todas as crianças da escola primária recebem um computador  de graça chamado "canaimita".

A comida não é barata na Venezuela. A economia continua especulativa no dinheiro fácil do petróleo. A inflação é  alta, mas os pobres  podem,  ao menos, comprar alimentos em lojas subsídiadas  pelo Estado que podem
chegar a 80% do preço de mercado de produtos básicos , como farinha, óleo e açúcar. E agora o Estado começou a instalação de padarias e vender arepas, o tradicional alimento a base de milho do café da manhã  venezuelano. Estão sendo construidos milhares espaçosos  apartamentos em toda a  Venezuela. O plano é construir três milhões de casas nos próximos seis anos e centenas de milhares de pessoas já se mudaram para uma casa nova.

Além disso, o próprio Chávez está colocando  o poder nas mãos do povo. Por lei, os venezuelanos podem criar conselhos comunitários  em seu localidades. Em Mérida testemunhei de como  um  conselho  comunitário de pessoas de classe média  conseguiu parar a construção de novos blocos de torres, porque
a construtora  tinha danificado as estradas locais. Nem mesmo  o prefeito da cidade pode salvar a pele dos responsáveis. A  Venezuela de  Hugo Chávez, pretende utilizar  os  conselhos comunitários para formar comunidades que tenham  suas próprias empresas de propriedade coletiva, leis locais, moeda local e voz ante o Estado nacional. Essa é a nova realidade na Venezuela, mas o novo convive com o antigo. Vi muito pouca   pobreza extrema, mas demasiada riqueza obscena: novos centros comerciais  de luxo, restaurantes caros, aparelhos  eletrônicosdos mais  modernos e elegantes camionetas 4 X 4.. Os ricos e a classe média queixam-se do poder que agora os tem  marginalizados.
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Por sua vez, eles se queixam da burocracia, corrupção e da arrogância de muitos de seus líderes locais. O que não  vi é uma sociedade intimidada pelo medo, que é o que se poderia esperar em uma tirania ou  num país dominado pelo crime. O venezuelano é um povo alegre que  bebe muito álcool  e gosta de tocar música alta em grandes aparelhos , odeia o cinto de segurança do carro, respeita as estradas ao conduzir seu veículo  e para na faixa de pedestres. Vi as pessoas expressar  suas opiniões em voz alta e claramente, manifestar  sua discordância  com a política e discutir o futuro do seu país. Apoiar revolução está muito arrasigada, mas o mesmo pode ser dito do ódio dos ricos e da classe média. Fui  testemunha do veneno que os meios privados  praticam  dia  após  dia contra o governo, mas não vi muita evidências de censura. Vi muitos soldados nas ruas, mas a maioria não portava armas e estavam  acompanhado de civis. Todos os dias, durante um mês,  vivi em um país multifacetado.

Na véspera de minha partida o país foi atingido  uma grande  tempestade tropical. Foi nos arredores de Caracas, na casa de  Tony, um dos meus  novos  amigos venezuelanos.

. Corremos para escapar da morte, mas a  avalanche, milagrosamente, parou  diante da casa em frente. Eu molhado  pedi  desculpas  para ir  e deixar a família em paz, mas Tony deu uma escancarada risada venezuelana.  "Amigo, a casa está de pé. Estamos vivos e há uma manhã. E se pomos música cantamos? É claro, a música não foi outra senão:  “Chávez Coração do Povo.”
Fonte: rebelion.org
Tradução e adaptação: Valdir Silveira

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