domingo, 12 de maio de 2013

A QUE INTERESSES SERVEM OS BRICS


Segundo Immanuel Wallerstein em 2001, Jim O'Neill, então presidente da Goldman Sachs Assets Management, escreveu um artigo  intitulado O mundo precisa de melhores BRICs econômicos. O'Neill inventou a sigla para descrever as chamadas economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia e China, e recomendá-los aos investidores quanto ao futuro econômico da economia mundial.
 Wallerstein diz que o termo pegou e BRICS  se tornou um verdadeiro grupo que se reunia regularmente. Após a adesão da África do Sul e assim o s minúsculo setornou  S maiscúlo . Desde 2001, os BRICS têm prosperado economicamente, pelo menos em relação a outros sistemas do sistema mundial. Também se tornaram assunto controverso. Alguns acreditam que o BRICS é a vanguarda da luta contra o imperialismo. Há outros que, pelo contrário, acha que BRICS são os verdadeiros agentes subimperialistas do verdadeiro  Norte (América do Norte, Europa Ocidental e Japão).
E há aqueles que argumentam que são ambas as coisas.
Sustenta Wallerstein que na trilha de declínio pós-hegemônico do poder, o prestígio e a autoridade dos norte-americanos, o mundo parece ter se estabelecido numa estrutura geopolítica multipolar. Nesta situação atual, onde existem uns  8-10-12 focos de poder geopolítico importante, os BRICS são definitivamente parte do novo quadro. Com seus esforços para construir novas estruturas no cenário mundial, como a estrutura interbancária que  estão buscando criar, para sentar-se junto do Fundo Monetário Internacional (FMI) e substituí-lo,certamente estão enfraquecendo ainda mais o poder dos Estados Unidos e de outros segmentos do velho norte em favor do Sul, ou pelo menos em favor dos BRICS.
Wallerstein infere ainda que, se nossa definição de anti-imperialismo é a redução do poder dos Estados Unidos, então os BRICS, certamente, representam uma força anti-imperialista.
Mas a geopolítica não é tudo o que importa. Queremos  também saber algo sobre a luta de classes dentro dos países BRICS, as relações entre esses países e as inter-relações com os países que não são membros do BRICS no Sul.
Nesses três pontos, o registro do BRICS é tenebroso, para dizer o mínimo.
Immanuel pergunta:como podemos avaliar a luta de classes dentro dos BRICS?
Ele responde que uma maneira comum é olhar para o grau de polarização tal como indicado pelo Coeficiente de Desigualdade de Gini. Outra maneira é ver a quantidade de dinheiro do Estado que é utilizado para reduzir o nível de pobreza entre as camadas mais pobres. Dos cinco países do BRICS, só o Brasil melhorou a sua classificação em tais medidas. Em alguns casos, apesar de um aumento do PIB, as medições são piores do que, digamos, há 20 anos.

Se olharmos para as relações econômicas entre os  países BRICS, a China supera os outros em termos de PIB e acumulação de ativos. A Índia e a Rússia parecem sentir que  precisam  se proteger contra as forças chinesas. Brasil e África do Sul parecem estar sofrendo de investimento atual e potencial da China  em áreas chaves .
Se olharmos para as relações econômicas  dos  países do BRICS com outros países do Sul , ouvimos reclamações crescentes com a forma como estes países se relacionam  com seus vizinhos mais próximos (e não tão próximos) se assemelha as formas em que os Estados Unidos e o velho  norte se relacionam com eles.
São assim  acusados, algumas  vezes,   de não ser subimperiais, mas simplesmente imperiais.
O que faz com que os BRICS parecem hoje  tão importantes tem sido suas altas taxas de crescimento desde, digamos, 2000;  taxas de crescimento que foram significativamente maiores do que as do velho Norte. Mas continua isso? Suas taxas de crescimento começaram a baixar. Alguns outros países do Sul - México, Indonésia, Coreia (do Sul), aTurquia parece igualá-las.
Immanuel Wallerstein sustenta a tese de que  dada a depressão em todo o mundo que continuam a existir e a baixa probabilidade de uma recuperação significativa na próxima década ou ainda, é bastante duvidoso que dentro de 10 anos algum  futuro analista da Goldman Sachs continue projetando os BRICS como o futuro (econômico). Na verdade, a probabilidade de que BRICS continue a ser um grupo que se reúne regularmente com supostas  políticas comuns, parece remota.
Conclui , Wallerstein dizendo que as  crises  estruturais  do sistema mundial se movem muito rapidamente e, em muitos aspectos muito incertos quanto a assumir relativa estabilidade suficiente para permitir aos BRICS continuarem  a desempenhar um papel especial, seja geopolítico ou economicamente. Assim como a própria globalização, como conceito, passou, assim  podem os BRICS  serem um fenômeno  passageiro.

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