domingo, 16 de fevereiro de 2014

OS CAPITALISTAS INTERNACIONAIS QUEREM A UCRÂNIA


O Imperialismo dos EUA e da UE quer apoderar-se da Ucrânia

O imperialismo dos EUA e da UE está profundamente instalado na Ucrânia, apoiando um dos lados da luta interna pelo poder, com o objetivo de tornar esta antiga república soviética num apêndice colonial do Ocidente, ao mesmo tempo pondo um entrave à Rússia.

Representantes dos governos imperialistas dos EUA e da UE e Alemanha apoiaram os manifestantes da “oposição” na capital Kiev contra o governo ucraniano, até mesmo com líderes partidários da oposição pró-fascistas, que preenchem a sua odiosa retórica com diatribes anti-Rússia, anti-gay e anti-judaicas.

 O Secretário de Estado dos EUA John Kerry e o ministro alemão dos estrangeiros Frank-Walter Steinmeier reuniram-se em Berlim a 31 de Janeiro e tiveram a arrogância de impor ao governo ucraniano os seus termos para um entendimento com a oposição.

Não há benefícios para os trabalhadores na conquista imperialista

Os trabalhadores dos EUA e da Europa Ocidental não partilham os interesses da classe dirigente imperialista na conquista da Ucrânia. Os interesses fundamentais dos trabalhadores e, claro, dos trabalhadores ucranianos, seriam mais bem servidos mantendo a NATO, o FMI e os banqueiros dos EUA e europeus fora da Ucrânia.

É importante sublinhar isto mesmo no começo deste artigo, porque os políticos imperialistas e os media corporativos distorceram os eventos na Ucrânia contando a história ao contrário, tal como haviam feito na Síria, na Líbia e outras partes do mundo na lista da reconquista imperialista.

O que está a acontecer na Ucrânia está longe de ser uma luta entre uma oposição “democrática” pró-UE e um regime “autocrático” pró-Rússia. Os partidos pró-UE na Ucrânia nasceram da “Revolução Laranja” de 2004 e são inimigos da classe trabalhadora e da soberania ucranianas.

Por outro lado, o partido do governo, que ganhou as últimas eleições em 2010 e colocou o Presidente Viktor Yanukovych em funções, tem um programa social e econômico que pouco difere dos principais partidos da oposição.

O governo de Yanukovych apoia todo o processo de privatização da economia ucraniana que continua desde o fim da URSS. Preparava-se para aceitar um acordo com a UE, até que mudou a sua posição, em 21 de Novembro passado. Até mandou uma fragata ucraniana para participar nas manobras dirigidas pela UE conhecidas como Operação Atalanta para combater a “pirataria” na Somália.

O fim da URSS foi um desastre para a Ucrânia

A Ucrânia era a segunda república mais desenvolvida durante a existência da União Soviética, produzindo mais de 25 % dos bens agrícolas. Também era a segunda mais populosa, com 51 milhões de pessoas, em 1991.

 Desde então, o colapso econômico que a reintrodução do capitalismo trouxe (a produção tinha, por volta de 1999, caído cerca de 40% a partir dos valores de 1991), impeliu 6 milhões de trabalhadores a emigrar para a UE e Rússia, e provocou uma descida na taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade. Agora a população é de menos de 45 milhões de habitantes.

O governo e os principais partidos da oposição que lideram os protestos na praça central de Kiev representam os interesses da nova classe dirigente da Ucrânia. Este grupo de plutocratas conseguiu apoderar-se da propriedade do estado da República Socialista Soviética da Ucrânia em 1991. Algumas destas figuras da classe dirigente e seus interesses estão orientados para a UE e EUA; outros têm interesses mais próximos dos seus homólogos na Rússia capitalista.

Grupos pró-Ocidente desencadearam uma série de manifestações de protesto em Kiev a partir de 21 de Novembro. As manifestações subiram de tom em Janeiro, com cercos a edifícios do governo e confrontações entre manifestantes armados com cocktails Molotov e a polícia.

Os mesmos líderes e meios de comunicação  que atacam o governo de Kiev por reprimirem estes protestos armados regozijaram quando a polícia dispersou as multidões nas praças públicas do movimento Occupy Wall Street nos EUA, as ocupações na Alemanha e as do 15M em Espanha.

Políticos do Ocidente, incluindo o senador republicano John McCain e a subsecretária de estado Victoria Nuland, a dirigente de política externa da UE Catherine Ashton e o então ministro alemão dos estrangeiros Guido Westerwelle, em representação da Chanceler Angela Merkel, todos se juntaram às manifestações por diversas vezes. Centenas de organizações não-governamentais, financiadas por estes imperialistas, têm estado activos na oposição, incluindo o infame Otpor, anteriormente financiado pelo Ocidente para derrubar o governo de Slobodan Milosevic na Jugoslávia. O Otpor aconselhou, mais tarde, membros da direita venezuelana anti Hugo Chávez, entre outros.

Nenhum dos diplomatas se esforçou para se distanciar do líder do Partido Svoboda pró-fascista, Oleg Tiagnibok, e outros grupos que alinharam com o Imperialismo Nazi na Segunda Guerra Mundial e ajudaram o genocídio da Ucrânia ocupada pela Alemanha. Estes fascistas, que agora são aliados de grupos europeus de extrema-direita como a Frente Nacional em França, têm desempenhado um papel cada vez mais ativo nos protestos, lutando com a polícia, atacando pessoas de esquerda e, num caso, derrubando uma estátua do revolucionário russo Vladimir Lenine.

Qualquer pessoa que esteja solidária com a classe trabalhadora ucraniana ficaria chocada com uma vitória dos imperialistas ocidentais e o seu empurrão aos fascistas. Mas deixar o governo atual no poder é apenas uma pausa temporária numa crise prolongada. Só uma classe trabalhadora independente, quer do governo quer da oposição, e orientada para o socialismo, pode trazer uma eficaz resolução para a crise.

Fonte: John Catalinotto  - odiario.info

 

 

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