sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O QUE PODE SER MUDADO...

O combate das palavras: A nova propaganda

          Robert Fisk
Cartoon de Poderiu.       




























































Temos  acompanhado a semântica nos noticiários internacionais. É terror islâmico, terror turco, terror do Hamas, terror da jihad islâmica, terror do Hezbollah, terror ativista, guerra ao terror, terror palestino, terror muçulmano, terror iraniano, terror sírio, terror anti-semita, ...      

 O seu léxico da Casa Branca – a maior parte do tempo – e o léxico dos nossos repórteres é o mesmo.  O seu léxico anda assim: Terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror, terror.

Quantas vezes utilizei a palavra "terror"? Vinte. Mas poderiam bem ser 60, ou 100, ou 1000, ou um milhão. Estamos caídos de amor pela palavra, seduzidos por ela, fixados por ela, atacados por ela, assaltados por ela, violados por ela, comprometidos com ela. É amor e sadismo e morte em duas sílabas, a canção de fundo do horário nobre, a abertura de toda sinfonia na televisão, a manchete de todas as páginas, uma marca de pontuação no nosso jornalismo, um ponto e vírgula, uma vírgula, nosso mais poderoso ponto final. "Terror, terror, terror, terror". Cada repetição justifica a sua antecessora.

Acima de tudo, é acerca do terror do poder e o poder do terror. Poder e terror tornaram-se intermutáveis. Nós jornalistas deixámos isto acontecer. A nossa linguagem tornou-se não apenas um aliado degradado, mas um parceiro verbal de pleno direito na linguagem de governos, exércitos, generais e armamento. Recordam o "destruidor de bunkers" ("bunker buster") e o "destruidor de mísseis Scud" ("Scud buster") e o "ambiente rico em alvos" na Guerra do Golfo (Parte Um)? Esqueça as "armas de destruição em massa" (WMD). Demasiado obviamente imbecil. Mas as "WMD" na Guerra do Golfo (Parte Dois) têm poder por si próprias, um código secreto – talvez genético, como o DNA – para alguma coisa que recolheria terror, terror, terror, terror, terror. "45 minutos de terror".
O texto acima é uma pequena adaptação que fiz ao artigo de Robert Fisk escrito em 21/06/2010. Nada mudou! O que mudou que no lugar da estrela de Davi, poderíamos colocar a bandeiras dos EUA e, onde se lê GAZA, leia-se Iraque, Líbia, Afeganistão, Ucrânia, onde a carnificina foi instaurada pelo imperialismo norte americano.  Esperamos que, com os acenos de reatamento das relações com Cuba, as coisas possam melhorar a partir de 2015!      

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