domingo, 19 de abril de 2015

CINQUENTA ANOS DE GUERRAS IMPERIAIS: RESULTADOS E PERSPECTIVAS (II)




O Imperialismo no período pós-Vietnam: Guerras por procuração na América Central, no Afeganistão e no sul de África

 A derrota imperialista na Indochina marca o fim de uma fase do crescimento do império e o começo de outra: uma mudança das invasões territoriais para guerras por procuração. Uma opinião pública nacional hostil obstou a guerras terrestres de grande escala. Iniciando-se durante as presidências de Gerald Ford e James Carter, o estado imperial dos EUA passou a confiar cada vez mais em clientes por procuração. Recrutou, financiou e armou forças militares por procuração para a destruição de vários regimes e movimentos revolucionários nacionalistas e sociais nos três continentes. Washington financiou e armou forças extremistas islâmicas em todo o mundo, para invadirem e destruírem o regime secular e modernizador apoiado pelos soviéticos no Afeganistão, com apoio logístico dos militares e das agências de informação paquistanesas e a sustentação financeira da Arábia Saudita.

 A segunda intervenção por procuração foi no sul da África, onde o estado imperial dos EUA financiou e armou forças por procuração contra os regimes anti-imperialistas em Angola e Moçambique, em aliança com a África do Sul.

 A terceira intervenção por procuração teve lugar na América Central, onde os EUA financiaram, armaram e treinaram esquadrões da morte assassinos nos regimes da Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Honduras, para dizimarem movimentos populares e revoltas armadas, resultando em mais de 300 mil mortes civis.

 A “estratégia da procuração” do estado imperial dos EUA estendeu-se à América do Sul: a CIA e o Pentágono apoiaram golpes militares que tiveram lugar no Uruguai (general Alvarez), no Chile (general Pinochet), na Argentina (general Videla), na Bolívia (general Banzer) e no Peru (general Morales). O crescimento do império através de procuradores foi largamente por conta das empresas multinacionais americanas que foram os principais atores no estabelecimento de prioridades no estado imperial ao longo deste período.

 A acompanhar as guerras por procuração, foram as invasões militares diretas: a pequena ilha de Granada (1983) e o Panamá (1989) com os presidentes Reagan e Bush Sr. Alvos fáceis, com poucas baixas e despesas militares de baixo custo: ensaios para o relançamento de operações militares de envergadura no futuro próximo.

 O que é notável sobre as “guerras por procuração” é a desigualdade de resultados. Os resultados na América Central, no Afeganistão e em África não conduziram a neocolônias prósperas, nem se provaram lucrativos para as empresas multinacionais americanas. Pelo contrário, os golpes por procuração na América do Sul levaram a privatizações em grande escala e lucros para essas empresas.

 A guerra por procuração no Afeganistão levou ao crescimento e à consolidação do “regime islâmico” Taliban, que se opôs tanto à influência soviética como à expansão imperial dos EUA. O crescimento e consolidação do nacionalismo islâmico desafiaram por sua vez os aliados dos EUA no sul da Ásia e na região do Golfo e levaram depois a uma invasão militar americana em 2001 e a uma guerra prolongada (15 anos) e ainda por concluir e, muito provavelmente, a uma retirada e derrota. Os principais beneficiários econômicos foram os clientes políticos do Afeganistão, os “empreiteiros” militares mercenários americanos, os oficiais militares intermediários e os administradores civis coloniais que pilharam centenas de milhares de milhões do Tesouro dos EUA em transações ilegais e fraudulentas.

 


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