domingo, 28 de junho de 2015

AS RELAÇÕES CHINA E AMERICA LATINA


AMERICA LATINA, CHINA E EUA

Nil Nikandrov

Fundo Estratégico Cultura / CEPRID

A guerra de propaganda desencadeada pelos EUA contra a China atingiu níveis sem precedentes na América Latina. Os americanos estão usando todos os meios ao seu dispor para tal finalidade, incluindo centenas de canais de televisão, rádio e milhares de filmes que falam sobre a "ameaça chinesa". Jornalistas são regularmente utilizados como fantoches para circular falsidades habilmente preparadas. Com grande alarde os "ecologistas" dizem que estão preocupados com os planos para a construção do Canal da Nicarágua e com o projeto conjunto Venezuela-China para a mineração de ouro no Parque Nacional de Venezuela. Uma rápida olhada é suficiente para identificar a origem dessas informações que circulam no Hemisfério Ocidental desde o México até o Chile.

O Canal da Nicarágua  é um bom exemplo do sucesso alcançado por  Pequim enquanto  implementa sua estratégia latino-americana. A nova hidrovia é realmente importante para o transporte de recursos minerais e petróleo venezuelano da América Central e do Sul. Os EUA lançaram  uma campanha para bloquear o projeto. Empresário chinês, Wang Jing que dirige o projeto do  Grande Canal Interoceânico da Nicarágua  é apontado como um arrivista incompetente. Estão espalhando rumores dizendo que o canal está fadado ao fracasso porque não tem um estudo de viabilidade econômica. Apesar disso, a construção começou em dezembro de 2014. Os Estados Unidos responderam lançando uma operação para sabotar o projeto. Especialistas acreditam que as atividades que visam minar a construção da hidrovia será intensificada em 2016, ano de eleições na Nicarágua. Washington é contra Daniel Ortega e os sandinistas. Podemos estar cem por cento certos de que haverá outra tentativa de revolução colorida na América Latina.

Washington vê a crescente presença da China na região como um desafio geopolítico grave, uma ameaça à sua segurança nacional. O presidente Obama fala constantemente sobre o suposto de excepcionalismo americano, mas todas as tentativas dos EUA para reformular o mapa global terminaram em derramamento de sangue, cidades devastadas e a destruição de estados com  culturas antigas. A América Latina percebe os Estados Unidos como um império, uma força hostil, egoísta e amoral só pode ser combatido através do reforço do processo de integração regional e desenvolvimento da capacidade militar. É por isso que a América Latina promove relacionamentos com outros centros de poder no mundo. Pequim avaliou a situação corretamente.
A América Latina está se distanciando os EUA. Os políticos contemporâneos chineses são pragmáticos; conhecem bem o continente e, em particular, as características da situação latino-americana. Washington não pode oferecer nada em troca para equilibrar a perspectiva promissora de cooperação com a China. Em 2000-2013 o comércio entre a América Latina e a China aumentou seu volume de 22 vezes. Isso fez da China o maior parceiro comercial no continente. A China já é o maior parceiro comercial do Brasil, Argentina, Venezuela e Peru. Em 2014 o comércio com cada um destes países excedeu o comércio bilateral com os EUA. Os bancos chineses aumentaram os seus investimentos na região em 70% num contexto de saída de capitais dos EUA. Não é por acaso que muitos países latino-americanos  consideram a China como um parceiro privilegiado. A China adere aos princípios da igualdade e benefício mútuo, com o objetivo  de facilitar o desenvolvimento econômico de países latino-americanos.

A primeira reunião ministerial do Fórum de China e da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (CELAC) foi realizada em Pequim em 9 de Janeiro de 2015. A maioria dos países latino-americanos participou do evento. O tema central da Conferência se intitulou "A nova plataforma, o novo ponto de partida, novas oportunidades e esforços conjuntos para promover a parceria global de cooperação na China, na América Latina e no Caribe. O governo chinês vai investir 250 bilhões na América Latina e no Caribe nos próximos dez anos, particularmente em projetos de mineração e  construção de infra- estruturas como portos, ferrovias, estradas e aeroportos. O volume de comércio bilateral entre a China e os países da região poderá atingir cerca de $ 500,00 bilhões em 2025. Dezenas de cooperação bilateral em eletrônica, telecomunicações, biotecnologia e pesquisa espacial, foram assinados durante a estadia dos líderes da CELAC na China. Pequim vai partilhar a sua experiência no desenvolvimento de tecnologias e conseguir avanços em estudos científicos. O Forum de Beijing  elaborou um plano de cooperação de cinco anos. Sua declaração final foi assinada por 33 ministros das Relações Exteriores dos Estados membros da CELAC. A próxima reunião será realizada no Chile em 2018, a fim de analisar os resultados da cooperação entre o país asiático e os países da América Latina e do Caribe.

China tem vindo a cooperar com a América Latina no domínio da investigação espacial por muitos anos. A estatal China Grande Muralha Indústria Corporation e o governo da Venezuela assinaram  recentemente um acordo para a construção e lançamento de um terceiro satélite artificial da Venezuela. Ele será usado para a coleta de informações. Este ano será inaugurado o Centro para o Desenvolvimento da Pesquisa Espacial de Puerto Cabello, em cujos laboratórios serão concebidos, montados, integrados e serão certificados satélites  de aplicações   em órbitas baixas. O peso de cada satélite não será superior a uma tonelada.

A China também participa do esforço da América Latina para fortalecer a capacidade de defesa. Especialistas chineses colaboram na Venezuela para construir drones para monitorar a região amazônica. Navios costeiros chineses e aviões de treinamento estão em alta demanda. A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner visitou recentemente a China e assinou um acordo de cooperação para a construção de um quebra-gelo, rebocadores navais, hospitais flutuantes e novos navios de guerra da Marinha Argentina. Fonte: rebelion.org

Tradução e adaptação: Valdir Silveira

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